terça-feira, 11 de março de 2014

John Grant - Pale Green Ghosts



John Grant é um americano de meia-idade, homosexual, HIV positivo, fracassado tradutor de alemão que durante anos manteve uma banda de indie rock de pouca relevância e que atualmente vive na Islândia. O que em outros casos poderia se limitar a simples informações de bastidores é crucial para se entender a fundo o trabalho do autor de "Pale Green Ghosts", eleito pelo selo/loja #RoughTrade o melhor lançamento de #2013 (e também presente em diversas outras listas). Mas isso não significa que as músicas de#johngrant sejam fáceis. "Pale Green Ghosts" é um disco de letras fortes, cheias de humor negro e sofrimento, às vezes praticamente faladas sobre batidas cruas e sintetizadores que dificilmente funcionariam em outro tipo de música. Metade do disco é composto por eletrônica minimalista, como em "Black Belt" (uma espécie de #RobinThickeunderground) e "Sensitive New Age Guy" (um encontro de #neworder e #LCDsoundsystem). A outra metade mistura baladas depressivas ao piano e synths oitentistas, grande parte tendo a cantora irlandesa#SinéadOConnor como backing vocal - uma das exceções é "GMF" (abreviação de "greatest motherfucker", um dos destaques do álbum).

Apparat - Krieg und Frieden

Criado a partir da trilha sonora que elaborou para uma adaptação teatral de "Guerra e Paz", de #Tolstoy (daí o nome "Krieg und Frieden", tradução do título para o alemão), Apparat fez um álbum que amplia sua versatilidade como artista e produtor. O álbum possui as ambiências e influências discretas de pós-rock que aparecem em CDs anteriores, como "Walls" (de 2007) e "The Devil´s Walk" (de 2011), mas, apesar de ter a música eletrônica como base (principalmente através de variações de subgêneros como glitch e IDM), são as texturas, as orquestrações e os elementos orgânicos das músicas de "Krieg und Frieden" que constituem a novidade no trabalho de #apparat. É um álbum calmo e sensível, basicamente instrumental (apenas duas faixas são cantadas), ideal para madrugadas insones. Quem gosta de #jamesblake,#radiohead#boardsofcanada e #fourtet deveria ouvir.

Far - Tin cans with strings to you

O tempo não foi nem um pouco generoso com o Far no que diz respeito às classificações em que a banda se enquadrava: se em 1996, época de lançamento do CD "Tin cans with strings to you", ser tachado como uma banda entre o emocore e o nu-metal poderia ser garantia de atenção e uma fatia de mercado, hoje a mesma classificação possivelmente gera, no mínimo, asco. Deixar-se levar pelas pré-definições pode impossibilitar conhecer um trabalho interessante e que representa parte do que acontecia com o rock alternativo americano na segunda metade dos anos 90. Apesar de ser o único trabalho relevante na discografia do Far, este álbum traz elementos que haviam sido marcantes no emocore do início dos anos 90 e outros que seriam cada vez mais utilizados no nu-metal, então em ascensão. Resumindo, seria como uma mistura do Sunny Day Real Estate com o Korn em seu primeiro disco. Para tirar a dúvida, basta escutar músicas como "What I´ve wanted to say", "Celebrate her" ou "Cut-out".

The Dillinger Escape Plan - Option Paralysis

Para quem gosta de sons mais pesados e agressivos e está cansado dos clichês sonoros das vertentes mais extremas do rock, o Dillinger Escape Plan é uma boa indicação. Em "Option Paralysis", mais recente álbum da banda, estão todos os elementos que os tornaram um dos principais expoentes do math core: ritmos complexos, dissonâncias, muito peso, velocidade e barulho.

Dag Nasty - Can I Say

Após o fim do Minor Threat, o baixista (e às vezes guitarrista) Brian Baker assumiu de vez a guitarra e montou o Dag Nasty, cujo disco de estreia, "Can I Say", lançado em 1985, se tornaria um pequeno clássico do hardcore e influenciaria todo o hardcore melódico que viria a seguir. No Brasil, bandas como Garage Fuzz sequer existiram se não fosse o Dag Nasty.

Charles Bradley - Victim of Love

Soul man no sentido clássico, Charles Bradley traz na voz e nas letras a experiência de uma vida conturbada, mas na qual a música sempre esteve presente, mesmo que em segundo plano (a carreira profissional começou quando estava na faixa dos 60 anos). "Victim of love" é seu segundo CD, no qual as influências de funk e soul dos anos 60 e 70 afloram e resultam em uma obra que mantém a emoção e a energia características do gênero. Boa parte disso, responsabilidade da ótima Menahan Street Band, super banda de apoio de Bradley e que conta com integrantes da The Budos Band, Antibalas e outros combos swingados.

The Kooks - Inside In, Inside Out

Da lista de álbuns pra ouvir de manhã e ganhar ânimo. Estreia do The Kooks, "Inside in / Inside out" foi lançado em 2006 e é o melhor CD da banda (talvez o único bom deles até o momento). Rock pop despretensioso e despreocupado, sobre aproveitar a vida e amar. Escute sem grandes expectativas além de vontade de cantar junto.